A gaiola que você vê não existe

Se há um obstáculo para a verdadeira liberdade, esse obstáculo é o medo. O medo da mudança. O medo de trocar o certo pelo duvidoso. O medo de largar o que nos parece “melhor” – ou mais certo – no momento, para buscar algo que nos instiga por dentro, algo que ainda não é concreto, mas que vive e respira em nossa mente.

Só o verdadeiro QUERER – aquele que lateja e incomoda – nos torna capaz de abandonar a estabilidade, a calmaria de uma vida dentro dos conformes – programada para dar certo – e correr atrás de sustentar os desejos mais interiores, aqueles que parecem mais absurdos, mais insanos e utópicos.

Constantemente, pensamos “Mas e se nada der certo? E se eu me arrepender? E se tudo for em vão? Terei perdido tempo à toa, sem sequer sair do lugar”.  Sendo que, na verdade, não sair do lugar é justamente o fato de não tentar, não arriscar, não se sujeitar ao erro. Não ser fiel aos nossos instintos, às nossas vontades, aos nossos quereres, mesmo que esses mudem amanhã, quando o sol nascer.

Se se arrepender, volte e recomece. Se errar, tente de novo. E, se de repente, mudar de opinião, não se julgue por isso. Por que enganar a si mesmo? Quem disse que o certo e esperado é sempre manter nossas escolhas até o fim?  É preciso ser forte e bravio para ter coragem de assumir a tal da metamorfose ambulante. Com medo de parecer imprudente, frívolo e inconstante, muitas pessoas “mantêm” suas escolhas até o fim, ainda que, no fundo, essas já não sejam verdades em essência.

O fato é: a necessidade de aparentar alguém sério e certo do que quer para o resto da vida tem valido mais do que satisfazer o próprio eu. Sim, é de se admirar quando alguém é cheio de si, que mantém firmes as escolhas que fez até o fim, sem ao menos trepidar. É admirável, mas desde que isso seja feito por inteiro, que a pessoa esteja, de fato, abraçando os resultados de suas escolhas, desde que tudo isso seja REAL.

A vida é frágil, breve, a existência é ligeira. Até que ponto estamos fazendo realmente cada dia valer a pena? Até que ponto sacrificamos os sonhos que nos perturbam – no bom sentido – para viver o que nos parece mais conveniente naquele momento? Diga-me: até que ponto você vai guardar ai dentro toda essa sede de ousar, errar e descobrir? Até que ponto você consegue se encarar e saber realmente definir quem é você?

Ter coragem de mudar é, antes de tudo, ser honesto consigo mesmo. Abrir mão da estabilidade para viver os riscos que as escolhas nos impõem é para poucos. Mas se manter “firme e repleto de certezas” apenas para se mostrar confiável diante dos outros é total sinal de fraqueza.

O bom da vida é poder confiar em alguém que seja capaz de se reavaliar sempre. Que esteja disposto a se desgarrar daquilo que não é mais – do que falhou, do que se arrependeu  – e procurar o melhor caminho para a própria vida. Acredite: essa gaiola que você vê à seu redor é imaginária, você mesmo a coloca ai, ninguém mais pode ser responsável por ela.

Não que tudo isso seja fácil. Escrever é muito mais simples que viver, óbvio. Mas a liberdade de correr riscos é uma premissa importante, que devemos tentar aplicar em nossa vida aos poucos. Dia após dia, tenho me dado uma chance para arriscar e, por que não, errar. Até os erros têm um lado bom, só precisamos saber vê-lo. Se dê uma chance também. Seguindo o velho e bom clichê, o pior é se arrepender daquilo que não fez.

Por Renata Stuart

4 respostas

  1. Renata,você terá um futuro brilhante, como jornalista, pois, seus textos abordam temas importantes e interessantes para todos.Estou admirada com tanta juventude e experiência de vida, ao mesmo tempo.
    Muito sucesso!!!

    1. Oi, Jane! Que alegria ouvir isso, obrigada pela visita e pelos elogios! Seja bem-vinda por aqui 🙂
      Fico MUITO feliz por receber esse retorno, isso é o que mais me motiva a continuar com os textos.
      Se quiser sugerir temas para os textos, fique à vontade!
      Volte sempre 🙂

  2. Amei os textos. Muitos deles eu pego para colocar aqui no quadro da empresa onde trabalho… Parabéns pelo trabalho lindo –

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