A batalha diária contra si mesmo(a)

E se eu te contasse que a principal batalha que você trava – diariamente – é com você mesmo(a)? Que você é o(a) seu(ua) pior inimigo(a)? Que o(a) culpado(a) da maior parte dos seus problemas é você mesmo(a)?

Muita coisa na minha vida mudou depois que eu passei a entender isso, então, mesmo que alguns não concordem e talvez achem tudo isso papo de autoajuda, me sinto no dever de compartilhar e, quem sabe, ajudar pelo menos uma pessoa.

Por isso, vou elencar alguns aprendizados que tive mergulhando no autoconhecimento nos últimos dois anos e que me ajudaram a encarar a vida de um jeito diferente e ter dias muito melhores.

1. Você decide como será o seu dia

Sim, é você quem determina o quanto os fatores externos influenciam no seu bem estar. Parece absurdo, afinal você não tem culpa do trânsito pesado que faz você chegar atrasado no compromisso, do colega de trabalho que te provoca e faz você explodir, do volume de tarefas que faz você esquecer detalhes importantes no trabalho ou daquele projeto que deu errado e pagaria as suas contas do mês.  Tudo isso te irrita sim, pois não está sob seu controle, certo?

Errado. Daí eu te pergunto: Quem disse que as pessoas e o meio deve corresponder às suas expectativas? Não é sobre os outros.  As coisas as vezes dão errado, sim, e isso nunca vai mudar. É sobre como VOCÊ reage às situações do meio e às atitudes do outro.

É doloroso encarar isso, mas é também libertador. Estou falando da tal da autorresponsabilidade. Tirar a culpa do mundo e assumí-la é incrível, porque nos devolve o “controle” sobre os eventos da vida.

Então, você não chegaria atrasado SE saísse de casa mais cedo contando com o trânsito.Você não explodiria com seu colega de trabalho provocativo se aprendesse a controlar as próprias emoções. Você não esqueceria de detalhes importantes no trabalho SE tivesse mais organização. Você não dependeria de um projeto ou job para pagar as contas do mês SE tivesse planejamento financeiro e fizesse algumas economias.

Terceirizar a culpa é mais fácil e até traz um alívio momentâneo, mas não promove solução ao problema e muito menos desenvolvimento para você evoluir como pessoa, entende? Enquanto você acreditar que tudo está nas mãos dos outros, você não sai do lugar.

Mais do que autorresponsabilidade, aqui o aprendizado é também sobre aprender a não ser esponja e sim filtro. Só roubam a sua energia se você deixar.

Uma coisa que eu faço e me ajuda muito é me “retirar” mentalmente do contexto que me tirou do sério e observar aquilo “de longe”. Trazer essa consciência para o momento nos dá a opção de escolher como agir, ao invés de apenas “reagir”.

O ato de elevar-se, respirar fundo e se colocar como observador da situação é um exercício diário que vale a pena praticar.

Desta forma, não deixamos a nossa energia interior ser contaminada pelo meio ou pelas situações que não estão ao nosso controle.  E o problema, que normalmente teria a capacidade de arruinar o seu dia, passa e acaba se tornando pequeno. Afinal, tem tantas outras coisas boas na sua vida, não é mesmo?

2. Você sabota seus sonhos e objetivos, diariamente.

Essa é clássica e todo mundo faz, mas não custa nada relembrar.

Quando você procrastina e não faz o que sabe que tem que fazer para seu próprio bem e desenvolvimento, a batalha – contra você mesmo(a) –  está perdida.

Você quer desenvolver sua escrita, mas não consegue adotar uma disciplina para escrever diariamente (eu..rs), você quer perder peso mas, passada a motivação inicial, deixa de ir à academia com regularidade. E por aí vai.

Temos muitos objetivos e sonhos, mas nem sempre queremos passar pelo percurso árduo que nos leva até eles. Vencer o seu inimigo é insistir no hábito e reeducar seu cérebro. É engolir as desculpas e partir pra ação, enfrentando a autossabotagem. “Ufa, venci hoje.”

Um dia de cada vez. Sem focar na linha de chegada, mas sentindo e vivendo a trajetória com presença.

3. Você não se permite errar

Naqueles dias em que você não conseguir cumprir o item acima ou simplesmente precisar de uma pausa, vencer a batalha é se permitir! É não acreditar nas mentiras que sua mente conta, nas autocríticas de que “você não é capaz” ou de que “você não vai conseguir realizar seus sonhos assim!”.

Vencer é calar esses pensamentos com o autoamor, o autoacolhimento e recomeçar no dia seguinte. Tá tudo bem.

Sabe aquele amigo querido ou aquela amiga especial que, quando está mal por algum motivo, você consola com toda a gentileza do mundo? Então, é assim que você deve agir para si mesmo(a). Seja seu amigo, permita-se errar e recomeçar no dia seguinte.

4. Você não abastece suas bases

Todos nós temos dias difíceis, mas esses dias são muito piores quando não estamos nutrindo as nossas bases, ou seja, os pilares que nos sustentam e nos mantêm no eixo. Acredito muito que corpo, mente e alma são conectados e, se um não vai bem, os outros também se desequilibram.

CORPO

Quem nunca se sentiu muito melhor ao seguir uma rotina regular de atividade física, seja na academia ou ao ar livre? Minha disposição, bem estar e leveza são incomparáveis quando cuido do meu corpo. Nós acumulamos energias dentro da gente e gastá-las é essencial.

MENTE

E quem nunca se sente esgotado ou sugado, sem energia, após absorver notícias de tragédias o dia todo ou após assistir programas pesados, de fofocas, traição, desastres? Escolher bem o que você consome é uma importante forma de abastecer a sua energia mental.

Nutrir a mente, a meu ver, é ler um bom livro, é assistir um filme que alivie a tensão, é ouvir uma música que me traga bem-estar, meditar. E claro, naturalmente, movimentar o corpo também alivia a mente, afinal, tudo se conecta.

ALMA

Sabe aquilo que você verdadeiramente ama, que pulsa dentro de você e te deixa super empolgado? Faça mais disso. A alma também se alimenta daquilo que aquece o nosso coração. Estar com os amigos, a família, seu animal de estimação, seu(a) companheiro(a).

Atividades que te conectem com sua melhor versão. E, claro, atividades que te conectem com a espiritualidade, sua fé, suas crenças, independente de religião.

A Yoga é, para mim, um exemplo perfeito para esse caso, pois trabalha as três bases – corpo, mente e alma – de um jeito incrível.  

O fato é: quando você nutre os seus pilares, você fica forte e preparado para enfrentar os dias difíceis. Quando você não abastece esses “tanques”, sentimentos e pensamentos (de segurança, medo ou qualquer outro que te ocorra) te dominam com facilidade, e aí a guerra está perdida, porque você está vulnerável e acaba dando poder a esses “intrusos”.

Você vence essa batalha quando se protege, buscando tudo o que te mantém no eixo e te afasta dessas armadilhas mentais e emocionais.

 

5. Você não aprecia o momento presente

Acredite, por mais clichê que isso pareça, o tal do “aqui e agora” é a melhor coisa que você pode fazer por você. É fácil? Não, e confesso que luto diariamente para isso.

Eckhart Tolle, em seu livro “O poder do agora” diz: “O momento presente tem a chave para a libertação. Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto for a sua mente.”

Ainda não terminei o livro e posso fazer um artigo sobre ele quando acabar, mas a descoberta a cada página tem me ajudado muito a me aproximar do AGORA.

Segundo o autor, nós não somos a nossa mente, ela é apenas uma ferramenta do nosso ser. Ferramenta que é inseparável do tempo e, por isso, estará sempre atrelada ao passado ou, principalmente, ao futuro. E nós, guiados pelo ego, não nos entregamos por inteiro ao presente. Mesmo quando focamos em uma atividade no presente, isso ocorre porque estamos pensando em atingir um fim desejado.

Não que seja ruim fazer planos e correr atrás dos objetivos, mas a falta de capacidade de apreciar o agora, do jeito que ele é, nos deixa propensos à ansiedade e facilmente dominados pela mente.

Dito isso tudo, aqui a dica é: você perde a batalha contra você mesmo(a) quando vive em função única e exclusivamente do amanhã. Quando projeta no futuro toda a sua satisfação e a sua felicidade. Quando sofre por antecipação e deixa a aflição fazer morada.

Você vence quando aceita seu processo, seu tempo e aprecia cada detalhe do caminho percorrido, sem depositar todas as expectativas e fichas no que está lá, no final da trilha. É preciso ver valor também no que se é agora, pois ele é a nossa única certeza. 

E aí, você tem sido seu melhor amigo ou inimigo?

Estou dizendo que vencer essa batalha é fácil? Não. E também não estou dizendo que há alguma garantia de plenitude. Tem dias que a gente ganha, tem dias que a gente perde. Mas o simples ato de tentar, diariamente, é que faz a diferença.

Por isso, fica aqui o meu convite: lute, todos os dias. Seja seu maior aliado, amigo e apoiador.

Vamos juntos?

 

Por Renata Stuart

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