Das cartas que não enviei

Às vezes a vida nos surpreende. E às vezes eu me surpreendo comigo mesma….Não me reconheço e não me compreendo. Hoje, por exemplo, não entendo porque estou assim, tão triste com sua ausência. O que você fez em mim? Ou o que eu me deixei fazer comigo mesma? Onde foi que eu confundi as coisas? Você nunca me deu nenhuma esperança, nenhum sinal..Sempre reservado, sempre amigável com todos, respeitoso, sério. Onde foi que eu me confundi? Por que estou sentindo isso? Não foi de propósito, eu juro. E agora eu tenho vontade de chorar por você, que coisa louca. E chorar por estar sentindo isso que eu sei que é totalmente errado e surreal.

Ouvi falar uma vez que, na vida, existem alguns “amores possíveis” para cada um de nós. Que às vezes vemos certas pessoas nas ruas e, mesmo sem conhecê-las, sabemos que aquelas seriam, quem sabe, amores possíveis. Pessoas possíveis de amarmos, em outras circunstâncias, em outro momento, outra época. Pessoas que teriam uma chance em nosso coração.

Eu nunca tinha sentido isso. Sempre achei que o amor a gente meio que escolhe. E, de verdade, estou feliz com o amor que tenho hoje, ele me faz bem e me permite ser eu mesma. Mas, sabe, quando te conheci, aconteceu algo diferente, não sei explicar. Percebo agora que, simplesmente, você era um amor possível. Em outra circunstância, eu poderia ter te amado. Se você tivesse aparecido antes na minha vida, se tivéssemos nos cruzado em uma fase diferente, – em que ambos ainda não tínhamos o coração ocupado por alguém -, talvez, quem sabe, eu poderia ter te amado. Sei que não seria nada difícil.

Não amo você. Não tive tempo nem oportunidade e muito menos abertura para sentir isso. Mas, que fique claro, você mexeu comigo. E me perturbou, sem a menor intenção, mas perturbou.  Espero não ter deixado isso transparecer, torço para que você não tenha notado o efeito que causou em mim. Morro de vergonha de você sequer, por um instante, desconfiar que isso se passou aqui dentro dessa cabeça maluca.  Mas, quer saber, desejo do fundo do meu coração que você seja feliz e que você faça alguém muito feliz, de verdade.

Em hipótese alguma, pensei em alimentar esse vestígio de sentimento que ameaçou nascer em mim no tempo que convivi com você.  Tudo ficou pairando apenas em minha mente, em minha fantasia, em minhas manias de colocar o SE na frente “Como seria SE eu tivesse conhecido ele antes?”. Bobagem. Eu sou assim mesma. Sabe aquele verso “é uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer”? É exatamente isso. Ou, do jeito que sou louca, no fundo, talvez eu apenas fantasiei isso tudo em busca de uma inspiração para fazer um texto bonito. E olha, acho até que funcionou.

Por Renata Stuart

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