O dia em que fui ao cinema com minha mãe

Dia desses fui ao cinema com minha mãe. Foi o nosso primeiro programa sozinhas – só eu & ela –  em cerca de três anos. Isso porque eu estive fora do país por um período. Sim, logo eu, que sempre fui grudenta e muito apegada a ela.  Desde pequena, eu era aquela que ficava colada na saia da mãe, sabe? Nas festas de família, eu até brincava com meus primos e amigos, mas voltava a cada quinze minutos para garantir que ela ainda estava ali.

Quando ela viajava a trabalho, eu abria o berreiro. Chorava e me sentia abandonada. Morria de medo que algo acontecesse a ela. “Papai do céu, cuide dela e traga ela bem para casa, por favor”, eu rezava, chorando no meu drama particular.  Apesar de ser o “chicletinho” dela, eu não era mimada, nada disso, ela me dava broncas, castigos e falava “não” quando necessário, mas sempre tive essa ligação intensa com ela, algo além do cordão umbilical, saca?

Essa melação sempre partiu mais de mim mesmo, ela apenas retribuía e retribuía em dobro. Fui crescendo e nos tornamos verdadeiras amigas. Do tipo que fica conversando na cama até tarde, e quando se dá conta são 4 da matina. Por isso, quando decidi ir para fora, eu sabia que um dos grandes desafios seria esse: ficar longe dela. E não foi fácil.  Mas, olha, até que nos viramos bem. O que era para ser apenas 6 meses acabou se tornando 2 anos e meio.

Mas voltando ao nosso primeiro programa juntas depois de tanto tempo, no fim de tarde de um domingo pacato, aquele era o nosso dia. Um dia que, sem querer, acabou sendo repleto de nostalgia, reservado pra gente. A começar pelo filme, que se chamava “Fala Sério, Mãe”. Eu não tinha ideia do que se tratava, mas o escolhi pela atriz Ingrid Guimarães que sempre me rouba risadas.

Quando começamos a assistir, as coincidências eram inúmeras. As duas personagens principais do filme – mãe e filha- passaram por muitas situações que eu e minha mãe já passamos. E a relação das duas, incluindo as briguinhas da adolescência, a amizade e os momentos de cumplicidade, lembravam muito a nossa. Para se ter uma ideia da semelhança, no filme, a filha (vivida pela atriz Larissa Manoela) presenteou a mãe com dois ingressos para o show do Fábio Jr, no qual elas foram juntas.

Em 2015, dei a minha mãe dois ingressos para o show de seu ídolo Fagner. E assim como a Ingrid Guimarães faz no filme, minha mãe subiu no palco e agarrou o cantor! (hahaha…Que dia!) Foi mágico poder fazê-la tão feliz! Lembro que nos divertimos tanto e acabamos a noite em sushi, só eu e ela, num restaurante delicioso que descobrimos por acaso naquela noite e que mais tarde se tornou o restaurante japonês favorito da nossa família.

Outro detalhe do filme que fez a gente se enxergar no telão, foi a despedida, quando a filha decide ir morar fora por um tempo, da mesma forma que eu fiz. Nós duas sabemos exatamente os sentimentos que descrevem aquele momento: dúvidas, medos, frio na barriga, instinto de proteção, e muita saudade. Saudade com a qual aprendemos a lidar durante esse período em que estivemos afastadas fisicamente.

O mais engraçado foi assistir às cenas do filme e olhar uma para outra em várias delas, questionando a nós mesmas: “Estavam espiando a gente ou o quê?” “O filme é baseado na nossa vida?”  E sim, o filme é baseado em fatos reais, não só na gente, mas em todas as mães e filhas que têm a sorte de ter essa relação de parceria e amizade, como nós temos!

E assim foi o nosso fim de domingo, um encontro que não poderia ter sido mais nostálgico, mais uma daquelas recordações gostosas que ninguém pode nos tirar! Ah, e para fechar a noite, é claro que fomos comer sushi! Celebrando a alegria de estarmos juntas, novamente! <3

Uma resposta

  1. Texto encantador, admirável essa relação entre vocês. Aliás, foi através dessa publicação que pude perceber o seu retorno. Abraços!!

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