Tudo começou cedo demais. Eu era nova, você também. Mas ao mesmo tempo, foi tudo intenso demais. De uma amizade despretensiosa, nasceu um sentimento puro, verdadeiro, gostoso, natural. Daí vieram as coincidências, todas conspirando ao nosso favor. Conversando, descobrimos que nossos pais se conheciam há mais de 20 anos, que meus pais te carregaram no colo, que meu pai já teve, antes mesmo de eu planejar vir a esse mundo, um comércio ao lado da sua casa. Aquilo foi incrível. De alguma forma, parecia que nosso encontro, naquela academia, estava marcado, até para mim que não acredito em destino. E não é que remexendo fotos velhas, achei até uma foto sua com minha irmã mais velha numa festa junina aqui do bairro?
Enfim, embora eu estivesse com a ideia fixa em mente de que não queria me envolver num relacionamento sério tão cedo, lá estava eu. Conversando com você todos os dias por telefone. Te conhecendo, rindo de você, fazendo você rir, fazendo confidências. Não pude fugir desse sentimento, da sintonia que rolava entre a gente, dá vontade de desvendar a sua vida e de fazer parte dela. E deixei a vida me mostrar o que ela estava me apresentando.
E aqui estamos, mais de cinco anos depois, caminhando juntos. Mais velhos, mais vividos, mais maduros. Já passamos por cada fase que confesso: achei que não chegaríamos longe. Mas a verdade é que, apesar de todos nossos desentendimentos, brigas, diferenças, a gente sempre se completou. E não desistimos nos primeiros problemas. No fim das contas, as alegrias, o carinho, as brincadeiras, o amor, a confiança, o respeito, a saudade , – tudo isso – pesou mais na balança.
E eu fui percebendo que príncipe encantado não existe. Aquela ideia de um homem de olhos claros, cavalheiro, romântico, carinhoso e divertido 24 horas por dia ficou lá na minha adolescência. Ninguém é perfeito e, se fosse, seria um tédio, imagino. Mas uma coisa é fato: Apesar dessa dose de realismo, ainda sou romântica, sempre vou ser, essa é a minha sina. Ainda preciso dos momentos intensos e cinematográficos para sobreviver, nem que seja aquele beijo intenso depois de uma briga dramática. (não ria de mim, você sempre faz isso!). Mas sabe, aos poucos, comecei a aceitar os defeitos e ver a beleza existente neles. Comecei a entender que você não tem culpa da minha projeção de amor ideal, amor perfeito. Comecei a diferenciar o amor dos livros, dos filmes, dos romances do amor da vida real. E comecei a ser mais feliz assim.
Hoje, com essa carga enorme de história, sei que nem tudo é para sempre. Muita gente fala que um namoro longo como o nosso, que começa cedo e dura anos, tem grandes chances de acabar no meio do caminho, de não resistir ao tempo… O desgaste, a rotina, a monotonia são as justificativas, geralmente. Mas afinal, que caminho é esse que temos que seguir? O casamento e o “felizes para sempre”? Quer saber: Não estou preocupada com isso agora. Casar não é meu projeto de vida, é apenas um desejo futuro. Quero viver o agora. O dia a dia ao seu lado, construindo uma história bonita, dividindo sonhos, vislumbrando metas, realizando-as juntos. E por aí vai. O futuro é consequência. E também acredito que cada casal tem uma história. Não dá pra generalizar, o que dá errado para um, pode dar certo para outro.
E, acredite, mesmo depois de tanto tempo juntos, eu ainda me pego rindo sozinha às vezes, lembrando de você, das coisas bobas que só você faz. Acho que não preciso de mais nada para saber que, sim, eu amo você. Hoje, agora, neste exato momento em que você me lê, eu amo você. Não digo que será para sempre, isso só o tempo pode dizer. Talvez algum dia tenhamos que seguir caminhos diferentes, não nego essa possibilidade. A vida dá voltas, quem sou eu para afirmar que conosco vai ser diferente? Bom, mas eu espero que seja. Eu espero que dure. E eu espero que cada dia continue sendo assim. Mais quentinho, mais aconchegante, mais seguro e mais feliz ao seu lado.
Por Renata Stuart
4 respostas
Oi Renatinha
Mais uma vez um lindo texto, eu adoro histórias com finais felizes, sou uma romântica incorrigível, pelo menos a minha história até agora tem tido um caminho feliz, não posso dizer um final porque ainda não chegou ao final (kkkkk), mas somos felizes, postei isso no meu penúltimo post, fizemos 17 anos de casados, aliás, no dia em que estava casando a Sabrina Gomes estava nascendo! Dá prá acreditar! E somos realmente felizes, o Marcos é o homem da minha vida, não imagino-me sem ele.
Bjão querida e uma ótima semana.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br
Oi Re,
Tudo bem? Linda história! Acredito em amores reais e feitos nas estrelas, pois só aí vale a pena tantos tropeços e dificuldades no caminho.
Beijos e muitos anos de amor!
Lu
Ola Renata,
Belo texto e na minha opinião esse é o verdadeiro amor. Um amor com pés no chão, sabendo que príncipes e princesas só existem nos livros de fábulas. Todos tem defeitos e até mesmo um excelente relacionamento passa por fases difíceis…. cabe o casal ter maturidade suficiente para entender que aquilo é apenas um momento para que tudo volte ao normal!
E sabe, achei o início do seu texto bárbaro, e sinceramente não acredito em coincidências, tipo, era pra ser!
Abraços, Flávio.
–> Blog Telinha Crítica <–
Gostei muito de seu texto e me identifiquei com ele em várias partes, principalmente em notar que “príncipe encantado” não existe, mas mesmo assim – ou justamente por isso – somos felizes.
Tenho uma história com meu esposo, que apesar de simples para mim é bela, pois é suave e intensa no tempo e medida certas… começou como uma amizade e foi evoluindo de forma tão natural! E estamos aqui, juntos…