O que os gatos ensinam

Quando decidi adotar uma gata, não imaginava o tamanho do impacto positivo que isso traria para minha vida e da minha família. Nós, que sempre tivemos apenas cachorros, estamos descobrindo, a cada dia, um amor imenso pelos felinos. E pensar que a vida toda tínhamos uma ideia completamente errada sobre esses bichanos. Gatos são sim carinhosos. Mais do que isso, eles são cheios de personalidade e tem muito a nos ensinar sobre respeito, comportamento e amor genuíno. Se você é um amante de cachorro e não tem lá muita simpatia pelos gatinhos, continue lendo esse texto, pois tenho certeza que vai te fazer refletir de alguma forma. Agora, se você já é gateiro, continue lendo também que você vai entender bem o que estou falando! <3

“GATO É RUIM, EU PREFIRO OS CACHORROS”

Antes da Frida, que está com a gente desde o dia 10 de fevereiro de 2019, tínhamos uma visão bem limitada sobre os gatos. “Gato é ruim”, “gatos são sem graça, bom mesmo é cachorro”, “tenho medo de gatos” são algumas das frases que muitos de nós crescemos escutando e, involuntariamente, repetindo. Eu mesma me lembro de ter dito algo do tipo em algum momento da vida, mesmo nunca tendo convivido com um gato.

COMO TUDO COMEÇOU…

Foi quando, aos 28 anos, minha intuição começou a me dizer para adotar o gato. Na época, ainda tínhamos a Britney, minha velha cadela dachshund que completava 17 anos. Não sei dizer como exatamente começou a vontade, mas algo me dizia para adotar um, meio que um “chamado” mesmo, sabe? O engraçado é que foi no mesmo período em que iniciei minha jornada no autoconhecimento e passei a questionar muitas crenças limitantes que eu carregava comigo. Comecei a olhar para o gato com mais empatia e senti um convite para desvendar o universo deste animalzinho que eu nem chegava perto antes. Até que, em um jantar na casa de uma amiga que tem um gato, não deu outra: confirmei o meu desejo. Eu precisava ter um gato.

Busquei um abrigo na minha região e logo encontrei a Frida, que pulou no meu colo quando me agachei perto dos 50 filhotes que estavam lá. Me lembro que ela era a gata mais frágil entre todos eles, a coitadinha estava desnutrida, cheia de fungos, sarnas, pulgas e queda de pelos no corpo todo. Segundo meu primo, parecia mais um gambazinho. Com exceção do meu pai que é apaixonado por animais em geral, minha família não ficou tão animada com a novidade, mas aceitou minha decisão. Minha mãe, que teve certa resistência no início, vivia reclamando do cheiro do xixi na caixinha de areia, dos pelos que voavam pela casa e alguns enfeites quebrados (tutores de gatos filhotes endenderão). “Estou pagando língua mesmo, logo eu, que sempre critiquei a sua tia por ter gato dentro de casa,” disse.

Resumindo a ópera, Frida nos conquistou rapidamente. Ao contrário da nossa cadela, ela não vinha correndo enlouquecida cheia de amor para dar quando chamávamos pelo seu nome e nem sempre gostava de receber um carinho ou ser carregada no colo. Logo fomos entendendo e conhecendo seu jeitinho de ser e de demonstrar amor. Como quem agradecia pelo novo lar, durante a noite, ela visitava todos os quartos e se aninhava com cada morador da casa por alguns minutos.

Em pouco tempo, já tínhamos adaptado a nossa rotina para conferir, diariamente, se ela estava segura em casa antes de abrir o portão da rua ou checando as janelas antes de sair. Não queríamos que ela fugisse e, até telarmos a casa, todo cuidado era pouco. Até a tarefa de trocar areia e dar ração e água, que no início era só minha, rapidamente virou parte do dia a dia de todos. E, assim, com muito cuidado, carinho, vitaminas e idas ao veterinário, o “gambazinho” cresceu e se tornou uma linda gata cheia de elegância.

Pensa que acabou aí? Em outubro do mesmo ano, Frida ganhou uma irmãzinha: Fiona. Não estava nos nossos planos, (embora eu quisesse muito uma companhia para a Frida, claro rs) mas essa pequenina apareceu na rua de casa, mais precisamente na roda do carro de um moço. Minha mãe foi à padaria num sábado de manhã e retornou com essa lindeza nos braços. SIM, a minha mãe a resgatou! Dá pra crer?

Hoje, gateiros assumidos, não podemos negar que Frida & Fiona trouxeram mais do que leveza e amor para nossos dias: trouxeram aprendizados importantes.

PRECONCEITOS

Quantas coisas boas não perdemos na vida pelo simples fato de acreditar que aquilo não é bom, antes mesmo de experimentar e conhecer de verdade? São os chamados “pré-conceitos”.

preconceito

substantivo masculino

  1. qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico.
  1. sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.

De onde eu tirei a percepção negativa que tinha dos gatos? Sem dúvidas, por uma opinião imposta pelo meio que é passada de pessoa para pessoa sem que a gente se dê conta. Como a própria definição diz, as vezes o preconceito é também uma generalização apressada com base em uma experiência pessoal, ou seja, talvez um gato tenha te arranhado uma vez na vida e, depois disso, você concluiu que todos os gatos são assim e pronto.

É como aquela pessoa que você acabou de conhecer, mas teve uma primeira impressão negativa sobre ela por causa de um episódio isolado ou porque escutou algum comentário sobre ela. Quantas vezes você não estava errado? Que atire a primeira pedra quem nunca julgou alguém de forma precipitada e depois se sentiu arrependido ao descobrir o tão incrível era aquela pessoa.

COMPORTAMENTO, RESPEITO E INDIVIDUALIDADE

Ter gatos também nos ensinou muito sobre respeito às características de cada um. Geralmente quem diz que cachorros são melhores é em virtude da atenção que os cães dão. Ainda que de forma inconsciente, eles suprem alguma carência interna nos humanos. Sedentos por calor humano e sempre disponíveis, eles nunca negam carinho, e não é à toa que são chamados de “melhores amigos do homem”.

No entanto, quando você chama um gato, nem sempre ele vai vir ou vai querer ganhar carinho. Ele não está disponível o tempo todo. Mas a verdade é que as pessoas também não estão. Nem sempre estamos dispostos a lidar com o outro. Então por que nossos animais devem estar?

Ter gatos nos ensina, então, a amar o outro simplesmente pelo que é, e não pelo que ele tem a nos oferecer em troca. Ter carinho pelo animal simplesmente pelo que ele é e não pelo que ele faz por mim, não pelo quanto ele me agrada ou me bajula.

Ter gatos é aprender a respeitar a individualidade, o espaço e o momento do outro. É abrir mão do apego e da necessidade de ser o centro das atenções e entender que o outro também tem personalidade, vontade e autenticidade.

Muitas vezes, minhas gatas escolhem ficar ao meu lado mesmo com inúmeros cantos vazios pela casa. Ou seja, elas querem estar ali na minha presença, mas isso não quer dizer que ela quer cafuné ou colo, às vezes, ela só quer ficar pertinho. De vez em quando, ela prefere ficar na sala, quietinha, descansando, sem ninguém por perto. E tem aqueles momentos em que elas me surpreendem sentando no meu colo, pedindo carinho e fazendo aquele ronronar de puro aconchego.

De uma coisa eu tenho certeza: quando elas estão por perto é porque realmente querem. E cada ato espontâneo de carinho é sempre uma dádiva!

Por isso, se eu pudesse resumir toda essa reflexão em 2 conselhos, eles seriam:

1º Adote um gato!

2º Ressignifique suas crenças e pré-conceitos. Olhe com curiosidade para aquilo que você acredita como verdade absoluta e aquilo que você rejeita ou critica, sem nem mesmo ter vivenciado. A descoberta pode ser incrível!

Para fechar, compartilho um vídeo super fofo de uma ação ocorrida nos EUA, em 2014, em que a empresa SoulPancak demonstrou que o som do ronronar dos gatos causa relaxamento instantâneo e que brincar com os felinos é ótimo para combater estresse.

Assista:

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