Sobre morar longe da família

largeNada preenche o vazio do silêncio após desligar, com dificuldade, a ligação do skype. A janelinha da webcam se fecha, as risadas e os milhões de beijos enviados se calam e dão lugar à realidade: eu não estou mesmo lá. Eles não estão mesmo aqui, embora parecesse a minutos atrás. A tecnologia ajuda muito, diz meu pai. Sim, ajuda, mas passados os minutos (as vezes horas) da ligação – com assuntos intermináveis – é cada um por si. A vida segue dos dois lados.

Já não sei do que estão falando neste minuto, como também não sei o que é que está fazendo minha irmã dar risadas na sala, o que minha mãe está planejando fazer para o jantar, ou o que meu pai está assistindo na TV. Não sei da festa que eles provavelmente devem ter para ir num fim de semana próximo. Não sei qual foi o momento mais divertido da última viagem em família.

Não sei muitas coisas. Mas sei que esse “não saber”, assim como todos os momentos que deixo de viver com eles, são partes inerentes a isso tudo. Não tem jeito. Para se permitir algo muito bom, as vezes é preciso suportar algo muito ruim. Cada escolha, uma renúncia. Por mais que doa. Doer faz crescer. E assim vou aprendendo a viver e brincando de ser gente grande.

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