Sobre ser e reapreender a ser solteira

Já dizia o sábio Freud: “como fica forte uma pessoa segura de ser amada”. Sim, sentir-se especial a alguém faz bem a qualquer um. Ter alguém que realmente se importe. Alguém que pergunte – com real interesse – como foi o seu dia. Alguém para desejar boa noite. Não dá pra negar, tudo isso deixa a vida mais leve. No entanto, nem sempre temos o privilégio de ter encontrado alguém que mereça tal posto em nossas vidas, uma “metade”, como dizem por aí.

Acontece mais cedo para alguns, mais tarde para outros. Ou acontece várias vezes para a mesma pessoa, afinal viver é mesmo uma questão de tentativa e erro. Mas o fato é: as vezes não tem ninguém. Nenhuma ligação perdida, nenhum emoji de coração, nenhum aconchego a dois embaixo das cobertas. Você está sozinha, ou melhor, solteira. E apesar de estar longe desse alguém que ainda não apareceu, você nunca esteve tão perto de si mesma.

Sim, ser solteira é um autoaprendizado. Você passa a ouvir mais a voz ali dentro de você. Ser solteira – especialmente após namorar anos a fio – é redescobrir os próprios gostos. É perceber aquilo que realmente te envolve, o que te move. Ter mais tempo para si mesma. É de repente perceber que você tem uma sintonia com a corrida, a bike ou a aula de zumba.

É encontrar prazer em cozinhar ouvindo sua playlist de músicas acústicas. É cuidar mais de você, fazendo pequenas coisas como tirar aquela manhã de sábado para fazer a hidratação capilar que você vem enrolando a séculos. É se jogar na pista e perceber que você simplesmente ama dançar consigo mesma. É colocar uma mochila e se aventurar fazendo uma viagem sozinha àquele destino que você tanto sonhou.

Ser solteira é também reinventar-se. É aprender – ainda que na marra – que é possível encontrar diversão sozinha em pleno sábado à noite. Pois nem sempre tem aquela festa ou balada programada e suas amigas nem sempre estão disponíveis. É reafirmar sua autonomia. Você decide o sabor da pizza – e o melhor: ela é toda sua. De companhia, uma taça de vinho, um filme, a família ou amigos e boas risadas. Você quem decide. Você faz o roteiro do seu final de semana, e também o caminho de volta pra casa no final da festa.

Ser solteira te faz mais experiente e, consequentemente, mais realista. Em meio a tantos caras que claramente colocam ‘quantidade’ acima de ‘qualidade’ – ou seja, querem várias e nenhuma ao mesmo tempo – você aprende a se iludir menos, a criar menos expectativa e a ser menos romântica. Sim, pois a vida não é um conto de fadas e as vezes – mesmo te achando “da hora” – ele só quer o momento. E, falando sério, as vezes ele só vale o momento também. Nada mais. E tudo bem, você aprende – ou pelo menos tenta – a curtir o tempo chamado “agora” e a ser dona de suas escolhas. E do seu corpo.

Ser solteira te faz uma mulher mais forte. Você se torna mais independente e começa a ver que você é a única responsável pelo seu bem-estar ou pelo seu baixo astral. Que a vida não se resume em ter um romance e que sua felicidade é muito preciosa para depender de outro alguém. Em tese, ser solteira é perceber que, no fundo, ninguém PRECISA de ninguém. Nos rodeamos de pessoas não por necessidade, mas porque isso deixa a vida melhor.

Afinal, ser feliz é algo que ocorre de dentro pra fora. Não há como extrair felicidade do externo se o interno não anda bem. E aí, parafraseando Freud, ouso dizer: “como fica forte uma pessoa que ama a si mesma”.

Então, quando a hora chegar, você vai perceber que não, você não quer uma metade! Mas sim alguém também inteiro, para transbordar com você.

 

Por Renata Stuart

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