Tudo está conectado

O ano era 1986. Adnir Ramos, pescador da Barra da Lagoa, em Florianópolis, tinha 26 anos e havia acabado de tirar a licença para pilotar barcos e realizar o sonho de viajar o mundo.

Eis que, um dia, enquanto pescava com alguns amigos no costão da Praia da Galheta, ele se deparou com gravuras rupestres em grandes pedras. Intrigado com aqueles desenhos, ele disse: “vou estudar para entender essas gravuras rupestres, nem que eu tenha que ler todos os livros do mundo”.

Determinado e movido pela sede de conhecimento, Adnir juntou dinheiro com a pesca, pagou um cursinho pré-vestibular e conseguiu entrar na faculdade de biblioteconomia. Mais tarde, fez também uma pós-graduação em Antropologia.

De pescador, ele se tornou antropólogo e, ao invés do oceano, passou a navegar por inúmeras descobertas surpreendentes que revelaram um verdadeiro sítio arqueológico no leste da Ilha da Magia, local conhecido hoje como Dólmen da Oração. 

Foto Adnir Ramos

Composto por grandes pedras, o local traz indícios de que ali habitavam povos ancestrais muito avançados que estudavam o céu e se conectavam com o universo de maneira profunda. Isso porque, além das gravuras rupestres, Adnir desvendou uma série de alinhamentos astronômicos entre essas pedras.

Foi revelado que cada pedra ali foi posicionada em locais exatos para marcar os solstícios de verão e inverno, e os equinócios de outono e primavera. 

Assim, quando o sol nasce nesses períodos do ano, ele se enquadra perfeitamente entre essas pedras, funcionando como um calendário astronômico que ajudava os povos antigos a marcarem o tempo.

Uma precisão tão absurda que não pode ser mera coincidência, e que certamente exigiu muita coordenação de matemática, física e astronomia de quem as posicionou ali. 

Foto Adnir Ramos

E tem mais: os estudos revelaram que essas pedras se alinham com diversos importantes monumentos do mundo, como Machu Picchu, no Peru, e Stonehenge, na Inglaterra, formando uma grande rede de pontos energéticos da Terra. 

Outra coisa impressionante é sobre as gravuras rupestres, que foram catalogadas em mais de 300 pontos na ilha de Floripa. Diversos cálculos e pesquisas foram feitas para entender como os números de linhas nos desenhos em pedra representavam nossas estruturas celulares.

Sim, as imagens são extremamente parecidas com a estrutura do DNA, o que também nos leva a crer que esses povos tinham um conhecimento enorme sobre genética. De alguma forma, eles sabiam que a única maneira de deixar algo perdurar por milhares de anos seriam por meio das pedras.

Para preservar essas informações valiosas ao longo do tempo e compartilhar com o resto do mundo, foi criado o Centro de Arqueoastronomia, em parceria com o Instituto Multidisciplinar de Meio Ambiente e Arqueoastronomia – IMMA.

No local, além de uma exposição que inclui painéis de arte rupestre, artefatos arqueológicos e fotografias, criaram essa trilha, Dólmen da Oração, que leva a essas grandes pedras – conhecidas como monumentos megalíticos- e ainda tem uma linda vista para a Praia da Galheta. Se você quer saber mais sobre este lugar, assista o vídeo que eu e meu namorado gravamos aqui.

Tivemos a sorte de conseguir fazer a trilha guiada pelo próprio Adnir. Enquanto conversávamos com ele, que hoje é um dos principais especialistas em arqueoastronomia do país, confesso que foi difícil acompanhar todos os fios do seu raciocício.

Era como se, por meio de suas palavras que conectavam tempo, espaço e humanidade, ele estivesse jorrando conhecimento sobre nós. Boa parte dessa água transbordava, mas outra parcela foi possível absorver. O que mais ficou marcado, para mim, é que, de repente, ciência, filosofia, espiritualidade, astronomia e astrologia; tudo se tornou uma coisa só.

E se o que é visto como místico for, na verdade,
uma tecnologia tão avançada que ainda não podemos compreender?

E se a conexão com a natureza, de maneira cada vez mais profunda,
é o verdadeiro caminho para evoluirmos como seres humanos? 

E se o conhecimento, a sabedoria e a fé
caminhassem sempre de mãos dadas?

Esses foram alguns dos pensamentos que sobrevoaram a minha mente enquanto estava lá no alto.

É um lugar de energia tão intensa que é possível passar horas ali, sem sequer perceber o tempo passar. É difícil explicar. Já estive lá três vezes, e sempre saio elevada, leve e renovada. Certamente esse portal energético é um dos motivos pelos quais Floripa é conhecida como Ilha da Magia.

Por fim, fica claro que há muito mais coisas sobre nossos antepassados e sobre o universo do que somos capazes de compreender. Mas mais importante do que termos todas as respostas, é seguirmos caminhando com as perguntas. Afinal, são elas que nos movimentam.

Espero que você tenha curtido saber um pouco sobre este lugar mágico também.

Com amor,

Renata Stuart

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gostou? Compartilhe!