Uma teoria sobre o amor

Engana-se aquele que acredita que o amor já basta para a felicidade de um casal. Eu tenho uma teoria: O amor é apenas 50% de um relacionamento.  Sem ele, impossível dar certo. Somente com ele, impossível do mesmo jeito. O amor não nos dá garantia de felicidade.

E onde estão os outros 50%? Estão distribuídos por aí, numa série de requisitos, conquistados dia após dia. Eles estão no respeito – esse é trivial, questão de sobrevivência mesmo. Quem respeita não ofende, não humilha, não trata mal, não aponta falhas, não difama, não trai. Do que vale ouvir ‘eu te amo’ e não ser respeitada?

Estão na admiração, porque é necessário sentir orgulho pelo que vê no outro, orgulho de sua essência e de como ele encara e leva a vida. Na cumplicidade e no companheirismo, para todos os momentos. Para enfrentar lutas, dividir sonhos, superar perdas, levantar de quedas, almejar coisas e fazer planos. Um casal que não se apoia não pode dar certo. Amar é dar as mãos e caminhar juntos, vencendo os obstáculos que surgem no caminho.

Os 50% também estão na amizade, porque é importante se desligar um pouco das características romântico-sexuais e sentir uma dose de pureza, afeição e lealdade de um amigo verdadeiro. Para aconselhar, para compartilhar lamúrias e decepções, para secar lágrimas, para brincar, para poder contar sempre, em qualquer hipótese.

No equilíbrio, porque um amor saudável é feito do equilíbrio que um proporciona ao outro. A estabilidade que acalma a inquietude, a paz que silencia o medo, a paciência que releva o estresse, a alegria que combate o desânimo. Carinho, porque todo mundo precisa de um colo de vez em quando, porque o carinho é o gesto que fala pelo amor.

Os 50% de um relacionamento também estão na individualidade, porque um sentimento maduro é aquele que reconhece que envolve duas pessoas e não apenas uma.  E cada uma, tem as próprias necessidades, os próprios prazeres, a própria vida e precisa, obviamente, do próprio espaço. Não pode ser uma relação de dependência. O amor não deve servir para completar, mas sim para somar.

E, claro, na intimidade. A falta de vergonha é amiga íntima do amor. É preciso ter muita cara de pau para ser bobo, ridículo, intenso, louco e verdadeiro. É essencial se permitir ser criança novamente, quando der na telha, sem receio de ser visto como imaturo. O amor que não tem liberdade e não se expulsa para fora do coração, de tão quieto, acaba estagnado. É como algo que li certa vez: “Quem tem medo de parecer bobo não merece o privilégio de estar apaixonado”.

Ainda no quesito intimidade, é preciso ter muito diálogo. É preciso se sentir à vontade para falar sobre tudo, sem pudor, inclusive sexo, problemas e inseguranças. O gostoso é perceber que a pessoa que está ao seu lado sente necessidade de dividir as coisas – não apenas as boas – com você. E melhor ainda é notar que ela tem real interesse pela sua vida. Quando você tem “preguiça” de compartilhar ou até mesmo dar ouvidos aos problemas de quem você ama, é hora de repensar este amor.

Como já era de se esperar, é necessário também uma pequena porcentagem de compatibilidade, não falo características, já que a graça da vida está justamente no fato de aceitar os diversos gostos e personalidades. Falo da semelhança de objetivos, de projetos, de sonhos. Não importa o tamanho do amor, se os objetivos forem diferentes, mais cedo ou mais tarde, alguém vai ter que abrir mão de algo. Do amor ou dos sonhos.

E, por último, talvez a mais importante: A confiança. Essa é para o amor o que o oxigênio é para nós – primordial. Creio que é impossível amar sem confiar, do contrário, o amor se resume em perseguições, ouvidos atentos demais, olhos abertos demais, mente preocupada demais e, quando você menos esperar, estará ridiculamente checando as mensagens do celular dele(a) ou coisas do tipo.

Amar é relaxar e se entregar sem medo de ser feliz. Sem conspirar, sem tentar maquinar algo pra descobrir onde e com quem ele passou a tarde. Confiar vale a pena, até que o contrário nos seja provado. E quando isto acontecer, ainda que doa, o amor deve partir, penso eu. Pois, assim como a delicadeza de um cristal, uma vez destruída, a confiança jamais se reconstitui.

Por Renata Stuart

17 respostas

  1. Todo relacionamento, para ser firme, precisa de uma base sólida! Não é uma tarefa fácil e necessita que os dois queiram que as coisas aconteçam da melhor maneira. Amor é imprescindível, mas deve mesmo vir acompanhados de outros requisitos, como os que vc citou. Muitas vezes, demoramos muito tempo para compreendermos isso e nem sempre chegamos nessa compreensão à tempo! Vou abordar um ponto aí que achei bem interessante, a individualidade. Falarei sobre essa questão, pois me recordei de um papo que tive com uma colega, que gerou certa polêmica. Fala-se muito que as pessoas se casam e se tornam uma só… de certa forma, essa é uma visão religiosa muito “pregada”. Falo categoricamente que isso é balela. É importantíssimo percebermos que cada um é um e se não aprendermos a respeitar a individualidade do(a) conjuge ou namorado(a) teremos sérios problemas. Todos os outros pontos que vc ressaltou são verdadeiramente importantes… eu acrescentaria outros mais, porém esses são necessários observarmos. Eu sou feliz por conseguir, à cada dia, fortalecer meu relacionamento juntamente com meu marido(estamos juntos, entre namoro e casamento, há 13 anos) , tendo em mente todos esses pontos que vc bem colocou e outros mais.

    bjks JoicySorciere => Blog Umas e outras…

  2. O texto está maravilhoso! As vezes penso que não existe uma teoria, mas uma adaptação porque o que funciona em uma relação, não é legal em outra. Todavia, entendo que respeito e bom humor sempre são fundamentais.

    Beijos.

    Lu

  3. Foi você quem criou o texto? Se foi, parabéns! Se não, dê os créditos ao autor.
    Durante o percurso da leitura, podemos observar várias coisas que compõem para que um relacionamento afetivo dê certo.
    Dentre eles, eu destacaria a individualidade uma das coisas mais importantes. Nada destrói, afasta mais do que gente grudenta.
    Eu discordo apenas em um ponto deste tema, o da confiança. Não penso que pessoas devam confiar cegamente nas outras. E nem ficar vigiando, com ciúmes doentio. É preciso um equilíbrio, entregar-se totalmente pode ser muito perigoso, o tombo muito grande.
    Aliás, confiança, como tudo na vida, tem que ter cautela.
    Gostei do blogue, não encontrei onde segui-lo…

    1. Oi, Christian, Obrigada pela visita. Fui eu mesma que fiz o texto. Os únicos textos deste blog que não são meus ficam na categoria “Palavra do Dia” e, nesses, eu sempre dou os devidos créditos.
      Quanto a questão da confiança, concordo que entregar-se inteiramente pode ser doloroso, mas ainda assim, acho que temos que correr o risco. 🙂
      O item de seguidores está com problema. Por enquanto, curta a página no Face e acompanhe os posts 🙂
      Volte sempre!

  4. Adorei o texto, ressalta com clareza o verdadeiro sentido do amor e como fazê-lo dar certo com seu relacionamento… Achei tudo muito importante mas, a confiança é realmente como um cristal que nunca deve ser quebrado…Você é demais.. te admiro muito ..parabéns!!!!!!!!!!!!!!

  5. Lindo, Renata! Parabéns. Concordo imensamente. E falar de amor é bom por causa disso, nunca se esgotam as possibilidades e as teorias, por isso levanto mais uma. Não seriam os outros 50%, (confiança, respeito, carinho etc) os componentes de um amor verdadeiro? Não algo paralelo, lado a lado ou a consequência, mas o fruto e causa do amor? Sem esses 50% seria possível ter os outros 50? Quem inventou o amor, me explica por favor… rsrs
    Um beijo! Parabéns!

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